quinta-feira, 14 de julho de 2011

Jornais e ciclismo

Hoje na Eurosport, não deu para debater com o nosso convidado em estúdio à cerca da visibilidade no ciclismo nos jornais. Não deu porque não era o espaço apropriado para o fazer. Mas, confesso que não concordo com a ideia que Portugal precisa de ter um outro campeão como Agostinho para fazer manchetes novamente com o ciclismo porque neste caso, Portugal teria que esperar alguns dez ou vinte anos se calhar.... Este racocinio está errado porque há jornais ( l'Equipe ou la Gazetta) que fazem manchetes com atletas que não são franceses ou italianos. Dizer o contrário é desconhecer a realidade destes dois jornais.
Segundo, não concordo com a ideia segundo a qual " o futebol é que vende, o resto não interessa". As vezes, este racocinio dá jeito à alguns jornalistas que não conseguem falar de outra coisa além do futebol. É a tal noçao do público que eu sempre rejeitei, ou seja quem é que fala em nome do chamado público ? Um grande jornalista que eu conheçi dava sempre o exemplo da Lady Di. Durante anos e anos, houve milhares de jornais e jornalistas que nos venderam a ideia que a princesa era uma das pessoas mais importantes do mundo. E o que aconteceu quando a Lady Di morreu ? Muitas pessoas ficaram tristes porque quase fazia parte do nosso dia a dia. Há jornalistas que consideram que a vida da princesa interessava às pessoas. Em nome de quem ? Em nome do público, do povo. O povo quer saber da Lady Di, quer saber dos resultados dos jogos particulares de futebol, das chaves do Euromilhoes, dos horários dos centros comerciais. Acho que não. Acho que são as pessoas que fazem estas noticias, que vendem estas noticias, que estão interessados nisto. Por isso, consideram que o povo não quer saber do Contador, do Schleck e do Evans. Mas estas pessoas nao falam em nome do público, falam em nome deles proprios !

P.S. O meu jantar foi vinho branco, dourada, salmão e algumas gargalhadas e foi optímo......

6 comentários:

  1. Amigo Olivier, mas o povo ca' não quer mesmo saber do Contador, do Schleck nem do Evans, e apenas o futebol vende, e apenas 3 clubes vendem. E quando transmitirem a Volta a Portugal, se o amigo vier aqui a' aldeia, vai ver que o interesse maior vai ser se irão reconhecer alguém conhecido a' beira da estrada a passar na TV... Desde já esta' convidado a abeirar-se do nosso meio bidon com brasas e umas tiras de entremeada, na etapa de Seia, Vodra.

    Marcio Martins

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  2. Os meios de comunicação social, tal como o nome indica, transmitem a realidade mediada. Que se medeia por um conjunto de interesses vastos e por vezes um pouco «obscuros»... mas nada disso é «realmente problema»... vivemos na sociedade da informação e cada vez mais temos acesso à informação que cada um de nós pode seleccionar. A grande questão dos meios de comunicação tradicionais que discutíamos acima, é que estes se legitimam exactamente no que o Olivier refere no post, ou seja, na formação e legitimação de uma opinião pública. Vendem o futebol massivamente, porque as massas consomem futebol... se somos bombardeados com notícias de futebol, com certeza saberemos o nome dos «grandes artistas» e até podemos mandar uns «chutes» como treinadores de bancada. É este ciclo que acaba por funcionar extremamente bem que mata todas as outras modalidades que apenas «pairam à volta do futebol».
    Daí se compreende o enfoque (no ciclismo) que os media nacionais dão aos casos de doping... de uma forma invertida estão a legitimar a sua perspectiva dominante.
    Amanhã a etapa termina em Pau, próximo da região do Béarn... de onde era natural Pierre Bourdieu. A perspectiva deste sociólogo ou «filósofo» [como lhe chamou o 'Le Monde' aquando a sua morte em reacção à sua teoria critica sobre os meios de comunicação social] inspiram este meu comentário e perecem-me bastante adequadas.
    Por fim, no futebol e em Portugal acredito que vivemos na ilusão de que temos grandes craques e que continuamos a apostar no futebol, porque aí temos sucesso. O futebol e o deporto nacional sofrem dos mesmos problemas estruturais do país... é ilusão pensar que precisamos de craques para sermos extraordinários e seguirmos massivamente algo. Como em tudo, acima de tudo é uma questão de coração/alma e o resto são processos psicossociais que «alguns» decidem se deveremos ser expostos ou não!
    Juliana
    ps:invejo o seu respasto ^_^

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  3. Concordo com a sua leitura dos factos, o povo come o que lhe dão e muitos dos jornalistas dão ao povo o que comem...nem mais!

    Ainda ontem tive que sair com a minha mãe e ela quis ir almoçar fora. Pois no restaurante pedi para porem a tv na Eurosport, mas houve o cuidado de perguntarem a um grupo de dez homens se não se importavam (com certeza clientes habituais e diários), o que acederam, embora um deles ainda tenha dito...se fosse futebol...?. A minha mãe conversava com a amiga que também foi e eu de olhos postos no Tour e não é que os dez senhores posisionaram-se de forma a verem?

    Saí e acabei de ver o resto em casa.

    Ainda bem que teve um jantar risonho:)

    Hoje estarei na primeira fila e a meu ver Contador hummmm já não vai lá, porque também não deve ser nada fácil pedalar com "tanta pressão em cima"!

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  4. Epá ontem lixaram-me na Eurosport. Como trabalho só posso ver o resumo e ontem deram muito mais tarde que o costume por causa de um combate de boxe, apesar de na programação estar à mesma a começar às 222. Mas pronto lá me aguentei à bronca.

    Quanto aos jornais e ao ciclismo...já nem vale a pena falar. eu sou completamente doente pelo Sporting e por futebol no entanto, jánão tenho paciência para as conferênciasde imprensa,nem para osrelatos dos treinos, acho que podiam ter informação muito mais útil, outros desportos, do que isto. Mas pronto têm ideia que o zé-povinho gosta é disto e fica assim.

    Quanto ao Tour por toda a gente embirrar com ele,espero que o Contador ganhe, ou então o Basso.


    PS: Olivier dizem que embirravas com o Armstrong...então és cá dos meus. A etapa de hoje acho que era perfeita para o grande Vino, uma grande subida seguida por uma descida vertiginosa, era a cara dele. :(

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  5. As massas consomem futebol e o povo come o que lhe dão; não concordo com estas frases. Tanto não consomem futebol e não comem o que lhe dão que os estádios estão sempre vazios e os jornais desportivos sentem dificuldades nas vendas e na publicidade, ao ponto de ter de despedir pessoal. O ciclismo deixou de ser um desporto do povo a partir de quando? E se isso aconteceu passou a ser um desporto para as elites? E se for esse o caso, não merecerão porventura estas rever-se também um pouco na comunicação social? Os media só têm a ganhar com a diversificação, é que agora, além de serem chatos prestam mau serviço ao público, uma vez que não são independentes dos clubes, tendo mesmo o director de um desses jornais escrito em editorial que nunca investigaria o lixo dos clubes (a propósito de escândalos de corrupção) porque não podia morder a mão que o alimentava, confundindo clubes e leitores. Dar espaço a outros desportos e histórias é difícil e é caro (se bem que há quem o faça ainda e bem), primeiro porque a esmagadora maioria dos media já não o sabe fazer, remeteu-se a um cubículo minúsculo de celebridades semi-analfabetas com demasiado gel no cabelo, depois porque é claro que qualquer tipo de resultado positivo demoraria a surgir, no entanto, tenho a certeza que para os leitores, para os desportistas, para as marcas que patrocinam esses desportistas e para os jornais valeria a pena fazer essa aposta.

    Cumprimentos

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  6. tudo o que aqui se escreve é a realidade, e mediante o que vejo, os desportos, todos eles são alimentados pela publicidade jornalistica, o ciclismo, que sigo cm se corresse no meu sangue, é dos desportos que se msm que algum portugues faça uma estrela no estrangeiro, não passa disso msm, e ate digo mais eu fui obrigado, OBRIGADO é msm isto a por a TV por cabo, para ver o meu desporto favorito, pois temos atletas no estrangeiro, mas as 3 emissoras em Portugal pouco querem saber disso, simplesmente não dá, seja a prova que for, onde for, é preferivel, tar a dar as vezes programas repetidos, seja 1, 2 ou 3 vezes, do que dar destaque a 1 portugues, que dá o nome de Portugal no estrangeiro.

    e o meu nome é Pedro, Português, e que está farto de futebol, e suas fortunas.

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